Zidane
Zinédine Yazid Zidane, em árabe: زين الدين يزيد زيدان (Marselha, 23 de junho de 1972), é um ex-futebolista francês, neto de argelinos que atuava como meia.
Zidane é tido como um dos melhores jogadores da história do futebol mundial, sendo frequentemente comparado a seu compatriota Michel Platini. Durante sua carreira, defendeu equipes como Juventus e Real Madrid, estando presente também, na fase mais vitoriosa da história da Seleção francesa, que conquistou uma inédita Copa do Mundo e o segundo título da Eurocopa de sua história (a outra fora conquistada na época de Platini). De fato, personificou a subida dos Bleus, até então vistos como uma força média, para o rol das grandes seleções,[1] em uma mudança que chegou a ser vista como uma "Queda da Bastilha" esportiva.[2]
Não se notabilizou tanto pela quantidade de gols:[3] Zidane era um jogador mais caracterizado pelas passadas largas, precisão nas cobranças de falta e em lançamentos, habilidade para driblar apenas quando necessário.[4] No final do século XX, era descrito como um "craque das antigas",[4] a jogar de forma solidária, fazendo os companheiros brilharem,[4] ditando o ritmo do time ao preparar as jogadas e distribuir assistências.
Ainda assim, a vitória francesa na final da Copa do Mundo de 1998 deve-se a dois gols seus. Marcado por brilhar em jogos decisivos, embora geralmente não rendesse tanto em partidas de menos valor,[1] está junto de Pelé, Vavá e Paul Breitner entre aqueles que marcaram gols em duas finais de Copa, ao fazer outro na da de 2006.
Durante sua carreira, conquistou diversos títulos, além de faturar também diversos prêmios, incluindo três vezes como melhor jogador do mundo pela FIFA (sendo o recordista, ao lado do ex-companheiro de clube, o brasileiro Ronaldo), e uma vez pela France Football. Numa lista recente criada pela World Soccer, Zidane aparece na vigésimo oitava posição, entres os cem melhores da história. Também foi inserido no FIFA 100 (lista dos 125 maiores jogadores vivos), uma lista comemorando os cem anos da entidade. E, ficou em primeiro no UEFA Golden Jubilee Poll (lista dos maiores jogadores europeus da história), pesquisa realizada pela UEFA através da internet.
Atualmente, além de sempre participar de partidas beneficentes, Zidane também é embaixador da ONU na luta contra a fome. No Real Madrid, ocupa o cargo de diretor na gerência de Florentino Pérez
Início, Cannes e Bordeaux
Zidane é descendente de argelinos e vivia do sul da França quando iniciou sua carreira nas categorias de base do Saint-Henri, equipe inexpressiva que disputava campeonatos locais. Apenas uma temporada depois, acabou sendo levado ao não maior Septèmes-les-Vallons, aonde permaneceu durante quatro anos. Sua grande habilidade vinha chamando a atenção de grandes equipes da europa, até finalmente ser levado para um delas. Não para o clube do coração - o Olympique Marselha,[4] de sua cidade-natal -, e sim o Cannes. Foi para passar uma estadia de seis semanas de treinamentos, mas nunca retornou ao Septèmes-les-Vallons.
Apenas uma temporada após sua chegada aos Dragons Rouges, fazia sua estreia como profissional em maio de 1989, contra o Nantes de Marcel Desailly e Didier Deschamps, mais tarde seus companheiros na seleção. Seu primeiro tento como profissional demorou para acontecer, saindo apenas em 8 de fevereiro de 1991, o que lhe rendeu um carro vermelho – presente de Alain Pedretti, presidente do Cannes na época. Embora tivesse a má fama de jogar mal quando o Cannes mais precisava dele [4] e de terminar rebaixado da Ligue 1 na temporada 1991/92, foi, depois dela, vendido ao Bordeaux, que pagou sete milhões de euros por seu passe.[6]
No Bordeaux, conquistou seu primeiro título como profissional: a extinta Copa Intertoto da UEFA. Como jogador do clube, debutou em 1994 pela Seleção Francesa, mas só veio a ter maior projeção internacional em sua quarta temporada nos girondins:[4] o clube, que não vivia sua melhor época, chegou à final da Copa da UEFA de 1996, deixando pelo caminho equipes como o Milan (que duas temporadas antes, fora campeão europeu do principal título do continente). Os franceses perderam o título para o Bayern Munique de Jürgen Klinsmann, Lothar Matthäus e Jean-Pierre Papin, mas a campanha rendeu ao jovem Zidane uma transferência para a tradicional Juventus.
Curiosamente, antes de sua transferência para a equipe da Juventus de Turim, o então treinador do Blackburn Rovers na época, Ray Harford, demonstrava grande interesse na contratação de Zidane e seu companheiro de equipe, o também francês Christophe Dugarry. Porém, o presidente da equipe na época, Jack Walker, teria respondido: "Por que você deseja contratar Zidane quando temos Tim Sherwood?", em alusão a um ídolo local na época.[7] Outro fato curioso foi o interesse de Alex Ferguson, que na época já treinava o Manchester United, e acompanhou a evolução de Zidane por algum tempo chegando mesmo a cogitar uma transferência do francês, na época ainda garoto do Bordeaux, para o Manchester United, porém devido a incertezas se haveria adaptação ao estilo de jogo do clube inglês, o técnico escocês acabou desistindo da sua contratação.[8]
[editar] Juventus
A equipe bianconera havia acabado de faturar a Liga dos Campeões da UEFA. O reforço, no início, seria atrapalhado pelas comparações com o compatriota Michel Platini, que fizera história no clube na década anterior.[9] Mas não tardou a faturar títulos: inaugurou a temporada com a Supercopa Europeia contra o mesmo Bayern Munique e terminaria 1996 vencendo também o Mundial Interclubes.
Esta competição, normalmente colocada em segundo plano pelos europeus, teve-lhe um sabor especial: foi contra o River Plate, possibilitando-lhe uma partida contra o uruguaio Enzo Francescoli, de quem o francês tornara-se grande fã quando o sul-americano defendera o Olympique Marselha [4] - a idolatria havia feito Zizou batizar seu filho de Enzo [4] e usar regularmente para dormir a camisa do River que conseguira do ídolo ao final da partida.[4]
Ao final da temporada, ganhou também o scudetto. Só faltou-lhe a Liga dos Campeões: a Juventus chegou pela segunda vez seguida (a primeira com Zidane) à decisão, mas perdeu para o surpreendente Borussia Dortmund. Ainda assim, sua temporada de estreia na Itália lhe renderia a premiação de melhor jogador estrangeiro do ano. A temporada seguinte, a de 1997/98 foi uma certa repetição: Zidane ajudou o clube a faturar novo título na Serie A, mas foi novamente vice na Liga dos Campeões, desta vez para o Real Madrid. Qualquer frustração foi superada semanas depois, em que ele foi o grande nome na inédita conquista francesa na Copa do Mundo de 1998. Terminaria aquele ano recebendo os prêmios de melhor do mundo da FIFA e France Football.
Porém, desde então, viveu um período de pouco brilho da Juventus, que em um jejum de quatro anos sem títulos. Na Serie A, a equipe ficou apenas em sexto em 1999,[10] perdeu por um ponto para a Lazio o scudetto de 2000 quando dependia apenas de si para faturá-lo,[11] e por dois pontos para a Roma em 2001. Paralelamente, nos torneios europeus, a série de finais na Liga dos Campeões da UEFA foi também interrompida: a Juve foi parada nas semifinais em 1999 após ser derrotada de virada por 2 x 3 pelo futuro campeão Manchester United em plena Turim;[12] disputando a Copa da UEFA em 2000, o clube caiu nas oitavas-de-final após ser goleado por 0 x 4 pelo Celta de Vigo;[13] de volta à Liga dos Campeões da UEFA, a equipe deu vexame na volta à competição, terminando em último no seu grupo em 2001.[14] Ainda assim, nesse período, Zidane foi reeleito em 2000 o Melhor jogador do mundo pela FIFA, pela conquista da Eurocopa daquele ano com a França.
A seca de conquistas da Vecchia Signora se resolveria com o título italiano de 2002, mas sem seu maestro francês: ao fim da temporada 2000/01, ele, que declarara que planejava sair apenas para o Olympique Marselha,[4] o clube do coração, transferiu-se para o Real Madrid. Viveria mais badalado na Espanha, mas foi entre os bianconeri que ele ganhou seus títulos mais importantes, tanto entre clubes quanto, paralelamente, na própria seleção, o que ele reconheceu ao declarar, ainda em 1998, que "foi na Juventus que aprendi a ganhar".[15]
[editar] Real Madrid
Em sua transferência aos merengues, foi a segunda negociação mais cara da história (setenta e sete milhões de euros) e até 2009 a maior. O clube não faturou o campeonato espanhol (que ficou com o Valencia), mas ficou com o título mais importante da temporada europeia: a Liga dos Campeões da UEFA. O sabor da conquista foi ainda mais especial do que o normal para cada uma das partes: para Zizou, era a primeira vez que levantava o troféu, depois de dois vice-campeonatos com a Juventus; para o Real, além de representar la novena (sua nona conquista, sendo a terceira em quatro anos, isolando-se ainda mais como maior vencedor da competição), presenteava também o centenário do clube, naquele 2002.[16]
Para completar, a equipe chegou à final após eliminar o arquirrival Barcelona nas semifinais, com Zidane marcando um dos gols em vitória por 2 x 0 em pleno Camp Nou.[17] Ele também marcou um gol na final, contra o Bayer Leverkusen, dando a vitória aos blancos de forma espetacular: com a partida empatada em 1 x 1, emendando de voleio um cruzamento de Roberto Carlos antes que Michael Ballack pudesse fazer desarme.[18]
A temporada que se seguiu, para Zidane, foi uma repetição de seu primeiro ano na Itália: ganhou a Supercopa Europeia (o único título que faltava ao Real Madrid[19]) e Mundial Interclubes, bem como o campeonato nacional. O clube ainda chegou às semifinais da Liga dos Campeões da UEFA, sendo parado pela ex-equipe de Zizou, a Juventus. Com isso, recebeu pela terceira vez o prêmios de melhor jogador do mundo pela FIFA, igualando o recorde de Ronaldo, com quem convivia no Real e formava os chamados galácticos, ao lado de Luís Figo e David Beckham.
2003/04 iniciou-se com o título da Supercopa da Espanha, que acabaria sendo a última taça que Zidane ergueria como jogador, apesar da campanha promissora dos blancos até maio de 2004: o clube liderava com tranquilidade La Liga, estava na final da Copa do Rei e nas quartas-de-final da Liga dos Campeões da UEFA.[20] O time, porém, sucumbiria nas três competições: perdeu a Copa para o Real Zaragoza, caiu nas quartas europeias para o surpreendente Monaco [21] e decaiu no Espanhol, em que o título ficou com o Valencia.
Para piorar, o Real não se recuperaria por um tempo,[20] justamente no momento em que o arquirrival Barcelona se reerguia, faturando os dois campeonatos espanhóis que se seguiram e a Liga dos Campeões da UEFA em 2006. No torneio europeu, Chamartín amargou duas eliminações nas oitavas-de-final: em 2005, novamente para a Juventus, sofrendo um gol a quatro minutos do fim da prorrogação;[22] em 2006, foi para o Arsenal, que ganhou em pleno Santiago Bernabéu.[23] Zidane não viveria má fase apenas no clube, encarando uma decepcionante campanha com a França na Eurocopa 2004. Anunciou que se aposentaria no clube ao fim da temporada 2005/06, retirando-se dos gramados depois da Copa do Mundo de 2006, a ser realizada ao término daquela temporada.[24]
Em sua última partida pela equipe, o elenco usava uma camisa comemorativa com "Zidane 2001-2006" abaixo do escudo do clube. A partida que foi contra o Villarreal, terminou empatada em três gols, sendo um dos tentos, seu; todavia, sua última temporada no Real Madrid foi considerada apática, razão pelo qual foi disputar o mundial de 2006 como uma incógnita.[25]
[editar] Seleção Francesa
Sendo descendente de argelinos, Zidane teve chances de defender a Argélia, porém, segundo boatos na época, Abdelhamid Kermali, o considerava lento demais, por isso nunca o convocou.[27] No entanto, Zidane negou anos mais tarde numa entrevista que isso tenha acontecido, dizendo que ele não poderia defender a Argélia, pois já defendia a França. Sua estreia nos Bleus aconteceu contra a República Tcheca. Entrando aos dezoito minutos do segundo tempo, marcou os dois tentos do empate.[28]
Conquistou a posição de títular dos Bleus após a suspensão de Éric Cantona, que havia agredido um torcedor do Crystal Palace durante uma partida contra o mesmo. Já em sua primeira competição oficial, a Eurocopa 1996, foi às semifinais, mas apagado. O torneio foi disputado em um período em que Zizou passou quinze partidas e mais de um ano sem marcar gols pela França.[28] Na época, oscilava com belas apresentações na Juventus e performances fracas pela seleção:[4] nas trinta partidas que fez pelo seu país antes da Copa do Mundo de 1998, para a qual estava automaticamente garantida como país-sede, foi substituído em dez e começou no banco em outras seis.[4]
Ainda assim, desafiou os críticos ao anunciar, pouco antes da estreia do mundial: "Eu vou ganhar essa Copa!".[4] Nesse período, realizou-se também o Torneio da França, competição amistosa preparatória para a Copa. Os franceses perderam em casa para a rival Inglaterra e apenas empataram contra Brasil e Itália. A Copa chegou e, assim como vinha até então, Zidane foi irregular na maior parte do torneio: após uma estreia razoável,[4] diante da África do Sul, complicou a sua "profecia" ao, desnecessariamente, pisar em um adversário da Arábia Saudita e ser expulso.[4][15] O lance lhe valeu dois jogos de suspensão.[4][15]
Não jogou mal nas quartas-de-final, quando esteve de volta, e nas semifinais, mas ainda assim atuou menos do que se esperava dele.[29] Foi justamente na decisão, contra o Brasil, então detentor do título, que veio a sua redenção:[4] aproveitando-se de duas cobranças de escanteio no primeiro tempo, fez uma de suas mais perfeitas exibições [4] e marcou dois gols de cabeça, justamente um de seus pontos fracos,[29] praticamente definindo o inédito título francês ainda na primeira etapa.[29]
A partida terminaria com vitória anfitriã por 3 x 0 (Emmanuel Petit marcou o terceiro, já nos descontos do segundo tempo), no que foi a maior derrota brasileira em Copas e, mais do que isso, o inédito título da desacreditada França. Se a atuação na decisão não lhe valeu o prêmio de melhor jogador da Copa (em que ficou atrás do brasileiro Ronaldo), seu papel decisivo foi reconhecido pela FIFA e pela France Football, que lhe entregaram ao final do ano seus respectivos prêmios concedidos ao melhor jogador.
Pela França, a conquista da Copa foi seguida de um tortuoso caminho rumo à Eurocopa 2000. Por pouco os campeões do mundo não ficaram de fora do torneio continental: conseguiram a única vaga do grupo beneficiando-se de um inesperado empate na última rodada dos então líderes, Rússia e Ucrânia, em Moscou, ultrapassados em respectivamente dois e um ponto pela vitória francesa sobre a Islândia.[30] Zidane voltava a oscilar, marcando apenas uma vez nas eliminatórias, e diante da fraca Armênia.[28] Marcou 3 vezes nas 15 partidas que se seguiram à vitória contra o Brasil.[28]
Mas na Euro, os Bleus souberam impor-se, perdendo quando podiam: para os anfitriões Países Baixos - partida esta em que ele não jogou [28] -, na última rodada da primeira fase, após terem vencido Dinamarca e República Tcheca.[30] Na fase final, ele novamente despertou, marcando nas vitórias por 2 x 1 sobre a Espanha e Portugal (contra os lusitanos, um gol de ouro a três minutos do fim da prorrogação[30]).[28] A conquista da Euro veio após dramática final contra a Itália, que vencia até os 49 minutos do segundo tempo, quando a França igualou. Posteriormente, venceria com gol de ouro no tempo extra.
Sendo o maestro do segundo título francês na Euro (o que ainda repetia um feito da Alemanha Ocidental, que também conquistara seguidamente Copa e Eurocopa), Zidane seria eleito ao final daquele ano 2000 o melhor jogador do mundo pela FIFA, pela segunda vez. A conquista também sedimentou a França como primeira colocada no ranking de melhor seleção do mundo, pela mesma entidade. No ano seguinte, os Bleus, mesmo sem algumas de suas maiores estrelas (o que incluía Zidane), venceriam também a Copa das Confederações de 2001. Por tudo isso, com um time mais experiente e ainda melhor do que o campeão mundial de 1998, a França chegou à Copa do Mundo de 2002 como a grande favorita.[31]
Cinco dias antes do torneio,[32] em amistoso contra a coanfitriã Coreia do Sul,[28] o maior astro dos campeões sofreu um estiramento na coxa.[32] A lesão o impossibilitou de jogar a estreia e a segunda partida. Sem ele, os franceses obtiveram dois resultados ruins - derrota por 0 x 1 para o surpreendente Senegal e empate sem gols contra o Uruguai. Para se classificarem, precisavam vencer por dois gols de diferença a Dinamarca, algo possível nos melhores dias da equipe [33] - que, de fato, batera o mesmo adversário por 3 x 0, dois anos antes, na vitoriosa Eurocopa 2000.
Ainda em condições precárias de jogo,[32] Zidane foi jogar no sacrifício [32] contra os nórdicos. Pouco pôde fazer: intranquilos, os Bleus perderam boas chances de gol e foram batidos no contra-ataque.[32] O jogo terminou com dois gols de diferença, mas um 0 x 2 favorável aos dinamarqueses. Ainda assim, ele foi avaliado como o melhor francês em campo naquele dia,[34] mas foi pouco para evitar o vexame de pior campanha de um detentor do título: os franceses saíram da Ásia sem ter sequer marcado gols.
No ano seguinte, a Seleção Francesa recuperou-se um pouco ao novamente vencer a Copa das Confederações, novamente sem ele. Paralelamente, a equipe se classificou sem maiores dificuldades para a Eurocopa 2004, com dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado e 100% de aproveitamento.[35] Zizou fazia um bom torneio até as quartas-de-final; na primeira fase, marcou, nos acréscimos, os dois gols da vitória de virada sobre a rival Inglaterra e outro em um 3 x 1 sobre a Suíça.[35] A campanha terminou decepcionante,[36] todavia, pela precoce eliminação no primeiro mata-mata, em derrota inesperada para a Grécia, futura campeã.
O revés na Euro seria a última partida de Zidane pela França e de outros membros da geração dourada francesa, como Lilian Thuram, Claude Makélélé,[36] Bixente Lizarazu e Marcel Desailly.[37] Pouco mais de um ano depois, Zizou reviu sua posição, declarando-se disposto a voltar e atribuindo a decisão a uma conversa com o irmão (embora tenha chegado a divulgar-se que ele teria sido aconselhado por uma estranha voz em uma madrugada).[38] Sua volta, como capitão,[39] juntamente com os retornos também de Thuram e Makélélé, foi providencial: os franceses estavam amaeçados de não se classificar para a Copa do Mundo de 2006. Com eles de volta nas quatro rodadas que restavam, porém, a vaga veio com três vitórias e um empate que deixou a França como líder de seu grupo - a reação é notada pelo fato de que ela ficou a apenas três pontos da quarta colocada, a Irlanda.[40] Posteriormente, em amistoso preparatório contra o México, Zidane realizou sua centésima partida pela seleção, sendo o quarto a atingir tal marca, após Marcel Desailly, Didier Deschamps e Lilian Thuram.[41]
Na primeira fase da Copa, porém, ele, após aposentar-se ao fim de uma temporada fraca pelo Real Madrid, comportou-se como um jogador comum [42] e a França obteve resultados desanimadores,[36] empatando os dois primeiros jogos e marcando apenas um gol até então.[36] Precisou-se vencer o Togo, do qual ele esteve suspenso pelo acúmulo de cartões amarelos,[43] para garantir-se a vaga nas oitavas. E no mata-mata, os franceses recuperaram: jogando bem,[2] venceram de virada por 3 x 1 a favorita Espanha,[2] com ele demonstrando sua velha classe [2] ao definir a vitória gaulesa ao marcar o terceiro gol aos 46 minutos do segundo tempo.
Por causa do desempenho irregular, todavia, a França chegou às quartas como uma incógnita.[2] O jogo seria um reencontro contra o Brasil em mundiais, oito anos após a final de 1998. Contra os canarinhos, Zidane realizou uma de suas melhores partidas, demonstrando toda a sua criatividade durante o jogo,[44] o que incluiu um drible de chapéu sobre o ex-colega de Real Madrid, Ronaldo, e a assistência de falta no único gol da partida (de Thierry Henry). Ressurgido, terminou eleito o melhor em campo.[45]
Nas semifinais, marcou, de pênalti, o gol de pênalti da vitória sobre Portugal e, antes mesmo de disputar sua segunda final de Copa, foi eleito o melhor jogador do torneio.[46] Já na final, Zidane marcou novamente de pênalti, se tornando apenas o quarto jogador na história a marcar em duas finais (os outros foram Vavá, Pelé e Paul Breitner). Cobrou de "cavadinha",[47] no estilo introduzido pelo tcheco Antonín Panenka. Os italianos empataram doze minutos depois, com Marco Materazzi.[48]
A partida seguiu empatada, sem muitos chances de perigo, até o fim do tempo normal.[47] Aos 13 minutos do primeiro tempo da prorrogação, Zidane esteve muito perto de recolocar a França à frente e talvez marcar o gol do título: girou, serviu Willy Sagnol na direita e foi para a área, cabeceando a bola após cruzamento preciso do lateral.[47] Porém, a grande chance foi espalmada por Gianluigi Buffon. Minutos depois, já aos 5 minutos do segundo tempo da prorrogação, ocorreria o polêmico lance que manchou a sua despedida: após ouvir insultos verbais de Materazzi, reagiu com uma cabeçada no tórax do adversário.[47][49]
Sua última imagem em campo foi simbólica: desceu aos vestiários passando ao lado da taça, que ficaria com a Itália após os azzurri ganharem nos pênaltis o torneio. Ainda assim, Zidane foi bastante celebrado na volta à França, com o seu presidente Jacques Chirac declarando que "gostaria de expressar a minha estima a esse homem, que encarnou todos os valores mais belos do esporte e que honrou o país".[47]