Garrincha
Garrincha marcou seu nome na história do futebol brasileiro com o apelido de "alegria do povo". Foi o legítimo representante do futebol-arte brasileiro, com seu estilo original de jogar, com seus dribles abusados e com suas jogadas divertidas.
Manoel Francisco dos Santos, o "Mané", pertencia a uma família pobre de 15 irmãos. O apelido Garrincha veio de um tipo de pássaro, comum na região serrana, que Mané gostava de caçar com seu bodoque.
Na cidade onde nasceu, no Estado do Rio de Janeiro, havia uma fábrica de tecidos de propriedade de um grupo inglês que mantinha um time de futebol amador, o Pau Grande Esporte Clube. Aos 15 anos, Mané começou a trabalhar na fábrica, e não demorou a treinar no time, mas não teve chance de jogar logo porque, além da sua pouca idade, o técnico Carlos Pinto temia expor o garoto aos fortes zagueiros dos times adversários.
Cansado de não ter uma chance de jogar, Mané registrou-se no time Serrano, da cidade vizinha de Petrópolis e jogou durante quase um ano. Depois disso, o técnico Carlos Pinto decidiu dar uma chance ao Mané e, com sua entrada na ponta direita, o time do Pau Grande cresceu.
Depois de algum tempo, Garrincha foi tentar a sorte em algum clube da capital. Procurou o Flamengo, o Fluminense e o Vasco, mas com suas pernas tortas, não lhe deram atenção.
Garrincha ficou desiludido, até o dia que foi convidado para fazer um teste no Botafogo e encantou o técnico Carlos Pinto. Fez parte do melhor time do Botafogo de todos os tempos, que contava com Zagalo, Didi, Amarildo e Nilton Santos, entre outros. Sua melhor jogada era o drible para a direita, o arranque e o cruzamento para a área. Mesmo com uma diferença de 6 cm que separava seus joelhos, sempre levava vantagem sobre o marcador.
Em 1962, quando começou o romance com a cantora Elza Soares, Garrincha já tinha sete filhas com Nair, sua mulher; um casal de filhos com Iraci, sua amante e um filho sueco concebido em junho de 1959. Além destes, teve uma oitava filha com Nair, um filho com Elza e mais uma filha com Vanderléa, sua última mulher, totalizando 13 filhos.
Jogou 60 partidas pela seleção brasileira e encantou a todos em três Copas do Mundo: da Suécia (1958) e do Chile (1962), das quais o Brasil foi campeão, e da Inglaterra (1966). Com Garrincha, o Brasil obteve 52 vitórias e sete empates.
No final da carreira, jogou também no Corinthians, no Flamengo, no Olaria e em outros times brasileiros e estrangeiros. Morreu em decorrência da cirrose hepática, em 1983.
Eternamente admirado, foi homenageado com o poema "O Anjo de Pernas Tortas", de Vinicius de Moraes, o documentário "Garrincha, Alegria do Povo", de Joaquim Pedro de Andrade, a biografia "Estrela Solitária", de Ruy Castro, e os versos de Carlos Drummond de Andrade: "Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios.(...)".
Entre 1963, quando o seu futebol começa a sofrer por causa de uma artrose no joelho, e 1983, quando morre em conseqüência do alcoolismo, Garrincha enfrenta uma série de episódios trágicos: tentativas de suicídio, acidentes de automóvel e dezenas de internações por alcoolismo.